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Já em clima nostálgico, o Blog do Insulano procura um desafio para o post histórico da semana: afinal, o que vem a ser a Ponte Nova da Ilha do Governador? E a Ponte Velha? Qual é o motivo dessas denominações, se ambas levam ao mesmo destino? Uma é mais importante que outra? É uma provação responder a todas essas indagações, mas o possível será feito!

O encontro das duas pontes na entrada da Ilha do Governador: a engenhosidade do homem surpreende.

Na década de 40 a Ilha não possuía um acesso terrestre ao continente, como já foi visto em outros textos. Entretanto, com o desenvolvimento local e as bases militares já em pleno funcionamento, houve a necessidade de um acesso mais fácil e constante à cidade do Rio (anteriormente a condição se dava através de navios, que partiam do Porto da Freguesia). Por isso, em 1949 a Ponte do Galeão foi fundada. A ligação era da Ilha do Governador para a Ilha do Fundão. Depois, do Fundão para a Avenida Brasil.

A Ponte Velha (também conhecida como a Ponte do Galeão) foi constrída em 1949 e possibilitou o crescimento da Ilha.

Tal fato foi o que propiciou o crescimento populacional e econômico da então pacata ilha do Rio de Janeiro. A população aumentou de 29 mil habitantes na data citada para 200 mil nos anos 90! Em um primeiro momento, o acesso era feito em apenas uma única pista, que funcionava em mão dupla. 4 anos após a inauguração, outra ponte foi erguida, com o objetivo de estabelecer mãos diferentes e, dessa forma, amenizar o fluxo intenso que já estava começando a se formar na região. É claro que o empreendimento não foi o suficiente para aliviar os engarrafamentos que se estendiam por quilômetros. Com isso, uma nova ponte  foi erguida, dessa vez levando diretamente para uma via de acesso expresso, então denominada como “Linha Vermelha”.

Na base, o acesso para Avenida Brasil. No plano superior, a Ponte Nova no acesso à Linha Vermelha.

Em 1985 a Ponte Nova foi inaugurada em meio a críticas da população do Rio de Janeiro, que alegava ser um gasto desnecessário do dinheiro público. Para a população insulana, considerado um conforto levar 20 minutos para alcançar o Centro da Cidade e a Zona Sul, fato inédito para a história do lugar. Essa comodidade não durou muito tempo, uma vez que todo o fluxo oriundo da Ilha do Fundão segue para o tal “caminho rápido”. Atualmente, ambos os acessos disputam de igual para igual a frequência. Com a aproximação dos grandes eventos esportivos no Rio, outra alternativa foi proposta para amenizar os problemas causados pelo tráfego intenso: uma nova ponte na entrada da Ilha! E essa possibilidade já tem nome… Sim, a Ponte Estaiada já é uma realidade e, em poucos dias, será inaugurada e disponibilizada para a população.

A Ponte Estaiada já é uma realidade e está quase concluída: expectativa de ser o novo cartão postal do Rio.

É fácil se sentir em um emaranhado de concreto quando se passa de condução pelo local. Para os desavisados, inexperientes ou até os mais atentos, chega ser surpreendente perceber as engenhosidades do homem e a complexidade das estruturas. Mérito dos insulanos adaptar-se com tanta naturalidade ao local!

* Todas as fotografias presentes no post são de autoria de Rafael Vieira e foram modificadas através de programas de manipulação de imagens.

Em junho de 2010 a área conhecida como “perna seca”, Ala Sul do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (mais conhecido como o Hospital do Fundão), foi completamente desocupada após estalos ouvidos na estrutura do prédio. Na época, a Prefeitura mobilizou um grande esquema para a desativação do local e a interdição da Linha Vermelha, para que uma implosão fosse realizada. Segundo o engenheiro Fábio Bruno, responsável pela empreitada, o procedimento ocorreu sem nenhum imprevisto: “Não houve lançamento de concreto para outras áreas, somente muita poeira”, argumenta.

Após um ano da implosão, entulhos permanecem na localidade, causando transtornos e apreensão.

A intenção da reitoria da UFRJ era construir outra casa de saúde, mais moderna, na região desocupada. O prazo para a inauguração do hospital era para o final de 2011. Entretanto, o que se pode observar atualmente é o espólio da antiga estrutura. O entulho, que chega alcançar dois metros em alguns pontos, até o momento não foi removido pela Prefeitura. A direção do hospital, por sua vez, descarta a abertura de licitações para a venda dos escombros, afirmando que o material é reciclável e que a melhor maneira de reaproveitamento está sendo analisada.

O local transforma-se em criadouro de insetos e propagador de bactérias nocivas para os internados no Hospital do Fundão.

Enquanto isso, focos do mosquito da dengue, ratos e baratas acumulam-se no local. Outro fato que alarma é a poeira acumulada, que ameaça a qualidade do ar e proporciona o alastramento de possíveis bactérias para a área interior do hospital. O prédio foi construído na década de 50, possuía 14 andares e nunca foi utilizado pela instituição. Localizava-se no campus mais importante da universidade, frequentado por 3.500 funcionários, 1.200 alunos de medicina e outros 2.000 alunos ligados a áreas de saúde.

Nas vésperas da inauguração da primeira ponte estaiada do Rio de Janeiro (com o nome provisório de Ponte Norte), o Blog do Insulano esclarece possíveis dúvidas a respeito do assunto. Pra começar, uma ponte estaiada é uma ponte suspensa por cabos, constituída de mastros que, juntos, irão sustentar o tabuleiro da ponte. Além do custo reduzido, possui um forte apelo estético (segundo seu idealizador, Alexandre Chan, a intenção foi lembrar o “biguá”, pássaro típico da região e que foi um dos animais mais afetados pelo derramamento de óleo na Baía de Guanabara, em 2009) e sua construção é muito mais rápida que a de outros modelos. A Ponte Norte, que tem início na Ilha do Fundão, poderá suportar até 20 mil veículos por dia e suas obras operam em alta velocidade, afim de atender aos futuros eventos esportivos, que serão sediados no Rio.

Prestes a ser inaugurada, a Ponte Estaiada descortina-se com pompa de cartão postal, mesmo que ainda incompleta.

O projeto da Ponte Norte faz parte da construção da BRT Transcarioca, rodovia que ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional através de uma única via. E uma das principais maneiras de desafogar o trânsito da entrada da Ilha do Governador é desviar parte do contingente oriundo da UFRJ para a ponte estaiada, que sai da Ilha do Fundão e segue em direção à Linha Vermelha, sentido Zonal Sul, com um percurso de pouco mais de 700 metros. Além da ponte, o projeto prevê a dragagem dos Canais do Fundão e do Cunha, ambos afetados pela poluição e péssimo referencial para uma cidade que abrigará eventos tão grandiosos.

A Ponte Norte é a primeira ponte estaiada do Rio de Janeiro, e o projeto ainda prevê a construção de mais 2, na Barra da Tijuca.

No Brasil, outros exemplos notórios são as pontes estaiadas de Brasília (Juscelino Kubitschek) e São Paulo (Octávio Dias de Oliveira e Governador Orestes Quércia), que já são consideradas genuínos cartões postais. No mundo, as mais conhecidas são a Ponte de Millau, que liga a França à Espanha (considerada a mais alta do mundo, com 343 metros de altura), a Stonecutters Bridge (em Hong Kong) e a Sutong Bridge (na China). Pra completar, é claro que o objetivo principal é mostrar ao público vindo do Aeroporto do Galeão os encantos do Rio desde o desembarque, com belas esculturas urbanas e a orla mais exaltada de todo mundo. Promessas ansiadas e muito bem vindas!

* Todas as fotografias presentes do post são de autoria de Rafael Vieira e foram modificadas através de programas de manipulação de imagens.

Em um domingo de chuvas e ventos, o Blog do Insulano conheceu um pouco mais de história, e aqui apresenta o espólio da atípica ilha… E dessa vez mostra uma outra ilha, mais afastada, mas nem por isso menos importante. A Ilha do Fundão, nas imediações do acesso à Ilha do Governador, concentra 15 campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro e, junto com os estudantes, acalenta promessas de progresso e superação para todo o país!

O CCS (Centro de Ciências da Saúde) está localizado em frente ao Hospital do Fundão. O quadro de funcionários é composto por alunos na UFRJ.

E do aterro de 8 ilhotas, a Cidade Universitária começou a tomar forma e a se transformar na imensidão atual! De todas, eram 3 ilhas que davam forma ao local: a própria Ilha do Fundão (onde hoje encontra-se o Hospital do Fundão), a Ilha de Bom Jesus da Coluna (atualmente abriga a Faculdade de Letras) e a Ilha da Sapucaia (hoje acolhe o Parque Tecnológico). Nas adjacências, os “Manguinhos” (local de despejo de excrementos) são extirpados, e o Canal do Fundão é canalizado e passa a receber esses dejetos. Aliás, e daí que surge o nome de uma das maiores comunidades do Rio.

O nome não poderia ser mais apropriado: as margens do Canal do Fundão, um dos points dos estudantes: o Bar do Mangue.

Na década de 50 a Cidade Universitária começa a ser desenvolvida e os prédios construídos. Além dos campus já mencionados, é lá que se encontra o Parque Tecnológico, responsável por desenvolver alta tecnologia, com referência e importância a nível global. Por conta de suas dimensões, o deslocamento a pé é inconcebível! E é por isso que a Cidade conta com uma rede de transportes integrada e gratuita, com linhas de ônibus internas, exclusivas para o transporte de alunos e funcionários da UFRJ e com funcionamento 24 horas.

O Parque Tecnológico da UFRJ, referência nacional e mundial em pesquisas.

A estima ao lugar é tão grande que, atualmente, a Ilha do Fundão é tema de debates que procuram desenvolver projetos ecológicos para a recuperação da Baía de Guanabara. Alguns, inclusive, já estão em andamento. Entre eles, um programa é responsável por realizar a dragagem de todo material contaminado e pesado, sendo considerado o maior do mundo. Possui financiamento da Petrobrás e teve o prazo para conclusão estipulado em 2 anos. Promessas para tornar o lugar tão bonito quanto importante.

Completando a arquitetura do local, o Hospital Universitário - ou Hospital do Fundão - recebe pacientes de todo país.

* Todas as fotografias presentes no post são de autoria de Rafael Vieira e foram modificadas através de programa de manipulação de imagens.